Andrei Tarkovsky

One of the greatest directors, in my opinion, a great artist, and an amazing photographer. Andrei Tarkovsky’s work is very special, with a higher sense for creating image as a dream. His movies are some kind dialogue with our subconscious. Paintings in motion.

That’s no words to describe his work, we need to feel it. Embrace it; for it seems to be in the geneses of what we understand of humam beings.

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Andrei_Tarkovsky_filmography

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                                                                   He talked about his craft.

 

Clemente

                                                              And then, we met him…

 

 

 

 

                                                                                                                          

Vê se me entende pelo menos uma vez, criatura.

 

Em seu livro Império do Grotesco, Muniz Sodrè carateriza nossa relação com as formas denominadas grotescas da estética e o desenvolvimento das mesmas nos meios midiáticos.

“A televisão se especializou num tipo de programa voltado para a ressonância imediata, atuando sobre a imediatez da vida coditiana. E como procedimento básico a TV privilegia fortemente a óptica do grotesco.

Primeiro, porque suscita o riso cruel (o gozo com o sofrimento e o ridículo do outro); segundo, porque a impotência humana, política ou social de que tanto se ri é imaginariamente compensada pela visão de sorteios e prêmios, uma vez que se tem em mente o sentimento crescente de que nenhuma política de Estado promove ou garante o bem -estar pessoal; terceiro, porque o grotesco chocante permite encenar o povo e, ao mesmo tempo, mantê-lo a distância – dão-se voz e imagem a ignorantes, ridículos, patéticos, violentados, mutilados, disformes, aberrantes, para mostrar a crua realidade popular, sem que o choque daí advindo chegue às causas sociais, mas permaneça na superfície irrisória dos efeitos.

Na realidade, as emissoras oferecem aquilo que elas e seu público desejam ver. O sistema televisivo mercadológico constituiu esse público que, ao longo dos anos, tornou-se ele próprio “audiência de TV”.

O telespectador, entretanto, não é vítima, e sim cúmplice passivo de uma situação a que se habituou.

Em sua existência miserável, costuma o telespectador sonhar com o acaso que o levará, pela sorte, a ser chamado pela produção de um “reality show” para transformar em espetáculo a sua aberração existencial e sair de lá com um eletrodoméstico qualquer como prêmio. O grotesco, dessa maneira, é o que arranca o telespectador de sua triste paralisia.

No tocante ao público, não se sustentam as hipóteses de um “voyeurismo” freudiano com relação ao “reality show”, pois o que se evidencia mesmo não é uma sexualidade de fundo, mas a fusão entre a banalidade dos fluxos televisivos e a existência banal dos telespectadores.

Após décadas de rebaixamento de padrões, o público em geral tornou-se esteticamente parte disso que os especialistas chamam de “trash” (lixo).

Daí o império da repetição exaustiva do banal.”

 

Loren Eiseley

Algumas coisas que leio são espetacularmente visuais, fazendo-me retornar ao texto.

Resolvi postar o fragmento abaixo – de um livro adquirido em 1997 , não só pela beleza das palavras de Eiseley, um antropólogo americano, mas prioritariamente, porque esse é um blog sobre imagens. E elas estão em todos os lugares; visíveis ou não.

Ei-las, pois, invisíveis…

“Esse corvo é meu vizinho: nunca lhe fiz mal algum, mas ele tem o cuidado de se conservar no cimo das árvores, de voar alto e evitar a humanidade. O seu mundo principia onde a minha vista acaba. Ora, uma manhã, os nosso campos estavam mergulhados num nevoeiro extraordinariamente espesso, e eu me dirigia às apalpadelas para a estação. Bruscamente, à altura dos meus olho, surgiram duas asas negras, imensas, precedidas por um bico gigantesco, e tudo isso passou por um raio, soltando um grito de terror tal que eu faço votos para que nunca mais ouça coisa semelhante. Esse grito persegui-me durante toda a tarde. Cheguei a consultar o espelho, perguntando a mim próprio o que teria eu de tão revoltante…

“Acabei por perceber. A fronteira entre nossos dois mundos resvalara, devido ao nevoiro. Aquele corvo, que supunha voar à altitude habitual, vira de súbito um espetáculo espantoso, contrário para ele, às leis da natureza. Vira um homem caminhar no espaço, bem no centro do mundo dos corvos. Deparara com a manifestação de estranheza mais completa que um corvo pode conceber: um homem voador…

“Agora, quando me vê, lá do alto, solta pequenos gritos, e reconheço nesses gritos a incerteza de um espírito cujo universo foi abalado. Já não é, nunca mais será como os outros corvos…”

Loren Eiseley

 

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To be (ser/estar)

Penso que a Fotografia é mais do que equipamentos e sua própria técnica; ela está, também, em a verdadeira relação com o Ente fotografado.

Quando conseguimos encontrar eco entre o que acreditamos e o que fotografamos, imagens significativas podem ser reveladas.

Então, não realizaremos figuras estáticas, momentos congelados; apresentaremos nossos diálogos.

Temos a lembrança daquele instante, em que apertamos o disparador para realização da foto, mas se nos perguntassem:

“Como a imagem foi feita?” , é possível que a resposta seja:

“Isso me escapa… Eu apenas estava, realmente, lá.”

 

 

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Coletivo

Algum tempo atrás, tive a idéia de desenvolver um projeto para reformulação de atividades do ensino pré-escolar no qual sugeria ás instituições participantes que substituíssem as aulas de Artes Plásticas por aulas de Teatro.

Minha sugestão baseava-se no fato de que – sem demérito para as atividades individuais – a segunda, poderia desenvolver senso de cooperação, amizade, coleguismo, além de demonstrar aos pequenos nossa interdependência no mundo e a importância de cada um de nós para o crescimento uns dos outros.

Tendo estudado ambas as atividades, entendia que o processo criativo poderia fluir tanto pela Pintura, Desenho ou Escultura, como pelos caminhos da Interpretação, da Literatura. Mas, percebia que o Teatro funcionaria como um meio maior, abraçando, não só suas funções, mas desenvolvendo noções de espaço, liderança, e, o mais importante, noção do conjunto, do grupo, algo importantíssimo para a formação do ser humano.

O resultado da realização de uma peça teatral é o esforço de profissionais de áreas diversas – atores, diretores, maquiadores, técnicos de luz e som, autores, figurinistas, coreógrafos – que, absolutamente, não conseguiriam chegar a um denominador caso algum dos elos dessa corrente se rompesse ou não trabalhasse em dedicação á sua função, agregando elementos, vitalidade.

Cada função é tão importante e única, que são complementares.

Assim é o mundo. Os processos são realizados por grupos de pessoas dedicadas á causas afins. Pessoas diferentes, com objetivos pontuais.

Nunca cheguei a apresentar a tal proposta, mas alegro-me em ver que as antigas ‘cia´s de teatro’ ultrapassaram as coxias e  transfiguraram-se em grupos com ideais (ainda) revolucionários e criativos, com propostas que buscam, efetivamente, a atividade artísitca em seus diversos ramos e o bem Coletivo: www.coletivodmg.com.br/

 

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Imagem: Ilustração de Giacomo Franco, em Giacomo Franco e Jacopo Palma II, Regole per Imparar a Disegnar, Venice (Sadeler) 1636 

Photo Journalism – Getty Images

Como bem sabemos, o período de festas é praticamente impossível fazer algo fora do previamente definido, sempre em correria, entrando rápido, saindo aos trancos; e foi assim que encontrei algo interessante em uma livraria, mas não podia verificar com mais calma.

Janeiro, ao contrário, é o mês da tranquilidade.

Tive a felicidade de começar 2010 com a aquisição de um livro que encontrei em prateleira no Natal do ano passado: trata-se do Photo Journalism  Editado pela Könemann com imagens da Getty Images.

O livro nos leva ao longo de 160 anos de história da fotografia – por que não dizer, da história da humanidade – através de cenas cotidianas ou grandes eventos como espetáculos musicais, guerras, manifestações, além de apresentar portraits de grandes indivíduos que nos moldaram e colocaram seus nomes em nossa caminhada como Darwin, Monet, Rodin, ou mesmo, a belíssima, Mata Hari. As sessões são divididas em duas partes escolhidas por:

Nick Yapp de 1850 a 1918 – a vida das ruas, Indústria, casa e transporte, Artes, pessoas, aviação, Ciência, Revolução Russa, conflitos, Primeira, Guerra, entres outros;

Amanda Hopkinson de 1918 ao presente – o nascimento do Fascismo, Nazismo, Segunda Guerra, Pós Segunda Guerra, Guerra Fria, Cinema, espaço, esporte, anos 1980, a saúde do planeta, 9/11, entre outros.

 As imagens são seguidas de descrições dos acontecimentos em três idiomas, o inglês, francês e alemão, o que o transforma, o livro, em objeto de pesquisa de vida.

São mais de 800 páginas que, absolutamente, nos transportam para outro Universo, aquele em nos perdemos como seres iguais, de uma raça inventora de uma máquina que capta luz.

Conhecer a nossa história, através dessas imagens, em última análise, desses relatos, não só nos torna melhores como seres humanos, mas, alimenta nossas mentes para processos criativos futuros, em busca constante das melhores representações de nossas realidades através de nossa arte, nossa voz: a fotografia.

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Video: Itau Personalité

O trabalho realizado nesse video do Banco Itaú é,realmente, muito bonito.

 A técnica utilizada é  tilt-shift e com ela temos a impressão de olhar para imagens em miniatura. Em fotografia já era possível ver alguns trabalhos nessa linha (sempre instigante), em video não foi diferente.

Mas, quando estamos diante de um trabalho publicitário, outros elementos o compõem. Em minha opinião, o texto nessa peça está desassociado das imagens.
O efeito da lente – o que a torna tão incrível – é fazer com que as coisas e pessoas tomem aparência dinimuta, quase como brinquedos pequeninos e a primeira frase do comercial é: “Você tem o tamanho dos seus sonhos “. (!)

Então, existe uma sequencia de lindas imagens , com pessoas fazendo coisas que , possivelmente, são importante para elas, mas que foram apresentadas na escala das formigas.. o que, volto a dizer, em minha análise, não fica muito bem.

A narração continua, a respeito de nossos sonhos e estes, minúsculos, sendo observado bem de cima, o que não ajuda em nada o texto que quer enfatizar o quanto são importantes para o banco.

Enfim, o trabalho é lindo, a técnica é incrível, o texto é bem escrito, mas juntos não funcionam.

A necessidade de se observar o global, o todo, de forma a compreender se os elos que fazem parte da corrente estão em harmonia é fator vital para o trabalho de Comunicação na criação, evitando assim desvios na cadeia informativa.

Affonso Beato

O cinema é uma de minhas paixões e poço sempre fresco de alimento para minha mente. A fotografia em cinema é um dos trabalhos mais maravilhosos, em minha opinião; responsável por momentos absolutamente inesquecíveis na vida de cada indivíduo nesse planeta.

 Ás vezes é difícil dizer se  encanto-me com as histórias contadas ou pela forma com que são contadas: closes, temperaturas diversas. O cinema é material de pesquisa ativo, mutante.

 Um dos fotógrafos brasileiros que tenho prazer em acompanhar é Affonso Beato, um dos mais requisitados de sua geração. Tem em sua história trabalhos com Glauber Rocha, Walter Salles, Nelson Pereira dos Santos, Pedro Almodóvar (com os longas: Carne Trêmula, Tudo Por Minha Mãe, A Flor do Meu Segredo) E ainda, foi responsável pela fotografia do filme A Rainha.

 Neste trabalho, Beato trabalha com a linguagem fotográfica para retratar dois mundos completamente diferentes: o Primeiro Ministro Britânico Tony Blair (na época recém eleito) e a Rainha Elizabeth II; para tanto foram usadas três formas de imagens:

 – As cenas da família real foram feitas com câmera em tripé, 35mm, com movimentos lentos, quase estática.

 – As cenas de Blair foram feitas em Super 16, com câmera na mão, o que trouxe muito mais ação ás sequências.

 – Além disso, Beato utilizou cenas de noticiário, dando um enfoque documental,  dinâmico e trazendo tensão – própria da linguagem televisiva – ao tema do acidente da Princesa Diana.

 

 Portanto, a importância do tema é potencializada pela forma que utilizamos para exibi-lo; ou seja, linguagem, vai além da simples definição do instrumento fotográfico, mas dos métodos usados através deste instrumento.

 Fotografar algo requer estudo do objeto, dos significados e significantes envolvidos, em busca pela maneira revigorante de representação do mundo.

 

Kaspar Hauser – nosso outro

“Bom dia, Professor R.,

Venho, através desse email, parabenizá-lo pelo trabalho realizado no estudo K. H. Por acaso, encontrei-o e achei uma leitura agradável e interessante. O tema , claro, é fascinante, mas agradou me seu texto.

Porém, gostaria de levantar um ponto, se for possível. Quando colocas a questão do espelho, baseado nos estudo de Dolto, e, que este, discorre sobre a construção do indivíduo através da identificação de si mesmo por sua figura refletida, coloquei me a pensar sobre um ponto..

O passado humano..

O espelho é invenção deveras recente, se podemos assim colocar… Nossos nativos, donos de nossa pátria mãe, não utilizavam a giringonça ( nem sei se assim se escreve, rs) e , todavia, não creio que havia problemas de identidade ou reconhecimento .

A noção de que faziam parte da natureza se baseava em seu estilo de vida, totalmente depende da mesma, e não por uma incapacidade de distinção ou separação de papéis.

Utilizei-me do exemplo dos índios, mas poderia ir mais além.. Não creio que todas as civilizações que não utilizam espelhos sofriam com crises de identidades entre seus indivíduos. Acredito que o problema de K.H. foi, que mesmo tendo havido contato com outro ser humano, não lhe foi permitido estabelecer comunicação. Identificamos-nos através do outro, isso é fato. O outro é nosso espelho. Uma vez que não lhe foi permitido determinar quem era o outro, não pode determinar quem ele mesmo era – ou seja, os limites da existência do outro não foram estabelecidos, assim sendo, não foram determinados os próprios limites da existência de K.

A troca não foi estabelecida; troca esta, que nos limita como indivíduos. (limita no sentido de contornos – quem somos)

Desculpe-me se escrevi muita bobagem..rs

quem sou eu, também, para escrever para vc, não é mesmo?? rsrsr

Bom, nem me apresentei, já fui metralhando, rs

Deixe-me apresentar-me…”

  

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De quem é essa foto, tia?

chocolate

A imagem ao contrário do que se possa pensar não é, e nunca poderia ser desprovida de valor, ou significado próprio. Com efeito, a imagem é tudo aquilo que nos molda, nos conduz ao universo do simbolismo. Representa um portal entre individualidades, uma conexão suprema, entre os olhos diversos.

Em momentos diferentes da história humana, a imagem teve uma representatividade única, característica, mas nunca menor, em relação às outras formas simbólicas.

Nossos ancestrais entenderam seu poder, na utilização contingente de desenhos e formas, na tentativa primeira de registro.
Nós utilizamos a imagem como uma das principais formas de estímulo intelectual e sensitivo.

Saber o real significado de uma imagem torna-se tarefa hercúlea, posto que, a dimensão de portais de significados poderia fazer-nos vítimas de nossas próprias criações. Bem se sabe que certas imagens, não devidamente legendadas, trazem em si, a possibilidade, a bem dizer, infinita, de interpretações, uma vez que, milhões podem interpretá-las, e cada um tendo a possibilidade de viajar em formas incrivelmente distintas.

Acreditar no poder da imagem como forma direta de transmissão de valores por trazer em seu corpo a descrição de si mesma e a realidade do outro (aquele que a lê), parece ser ferramenta necessária à compreensão de nosso mundo, nossa história.

Portanto, não se pode dizer que uma imagem não tenha em si significado, porquanto, se apresenta a nós como significado e significante, anacrônica, completa; desvelando um universo de canais entre indivíduos, totalmente sem fronteiras, positiva ou negativamente, em prol da necessidade básica de nossa espécie: comunicação.